永遠の命 Vida Perene 永遠の命

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Temperança

O mais que podes aproximar-te da felicidade é gozando os dons Celestiais da compreensão e da saúde.

Se possuis estas bênçãos e queres conservá-las até a velhice, evita a sedução da voluptuosidade e foge de suas tentações.

Quando a volúpia exibir seus finos manjares diante de ti, quando seu vinho brilhar na taça, quando ela te sorrir e persuadir a seres feliz e alegre, então é a hora do perigo; deixa que tua razão esteja firme e em guarda.

Porque, se escutas as palavras do adversário, serás enganado e atraiçoado.

A alegria que ela te promete transforma-se em loucura, e seus prazeres conduzem à enfermidade e à morte.

Olha em torno dela, lança teu olhar para seus convidados e observa os que corresponderam a seus sorrisos, os que escutaram suas tentações.

Não estão enfraquecidos? Não estão enfermos? Não estão sem ânimo?

Às suas breves horas de alegria e orgia seguiram-se dias de fastio, de dor e desencanto. Ela corrompeu e estragou seus apetites, e agora não podem gozar de seus melhores atrativos; seus partidários converteram-se em vítimas; são estas as consequências justas e naturais que Deus dispôs, na constituição das coisas, como castigo para aqueles que abusam de seus dons.

Porém, quem é aquela de passo airoso, de ar vivaz, que veio pela planície?

A rosa ruboriza-lhe as faces, a doçura da manhã sopra de seus lábios; a alegria temperada pela inocência e pela modéstia brilha em seus olhos, enquanto o júbilo de seu coração fá-la cantar pelo caminho.

Seu nome é Saúde: é filha do Exercício que a gerou na temperança; seus filhos habitam as montanhas que se erguem nas regiões setentrionais de San Ton Hoe.

Eles são corajosos, ativos e vivos e compartilham todas as belezas e virtudes de sua irmã. O vigor circula por seus nervos, a fortaleza está em seus ossos, e o trabalho é seu prazer durante todo o dia.

As atividades de seu pai abrem seus apetites, e o alimento de sua mãe os retempera.

Comprazem-se em combater as paixões, e sua glória é conquistar os maus hábitos.

Seus prazeres são moderados, e por isso duradouros; seu repouso é breve, porém profundo e sem perturbações.

Seu sangue é puro, sua mente serena, e o médico ignora o caminho de suas casas.

No entanto, a segurança não mora junto com os filhos do homem, nem a tranquilidade é encontrada dentro de suas portas.

Observa como estão expostos a novos perigos de fora, enquanto um traidor, por dentro, procura entregá-los.

Sua saúde, sua fortaleza, sua beleza e sua atividade despertaram o desejo no seio do Amor lascivo.

Esta paixão libidinosa está em seu jardim, busca os seus olhares e espalha suas tentações.

Seus membros são suaves e delicados, suas vestes soltas e atrativas, seu olhar impudico, e em seu peito aconchega-se a tentação. Ela os chama com as mãos, procura seduzi-los com sua aparência, e empenha-se em enganá-los com a suavidade de sua língua.

Foge de suas tentações, fecha teus ouvidos para suas palavras encantadoras! Se acatas a languidez de seus olhos, se dás ouvido à suavidade de sua voz, se ela te enredar com seus braços, te prenderá às suas correntes para sempre.

A elas seguir-se-ão a vergonha e a enfermidade, a necessidade, a preocupação e o arrependimento.

Debilitada pelos excessos, mimada pela volúpia, esgotada pela preguiça, a fortaleza fugirá de teus membros, e a saúde abandonará teu corpo. Serão poucos os teus dias, e sem glória; tuas tristezas serão muitas, e mesmo assim, são encontrarás compaixão.

Excerto do livro A vós confio, publicado pela GLP pp. 33-35

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Do uso dos sentidos

Não te gabes com vaidade do teu corpo, porque foi formado primeiro; nem da tua mente, porque resida ali tua Alma. Não é de se prestar mais honras ao dono da casa do que às paredes?

É necessário preparar a terra antes de semear os grãos; o oleiro deve construir o seu forno antes de fazer sua louça.

Como diz o alento do Céu à água do abismo: "Nesta direção rolarão tuas ondas, e em nenhuma outra; a esta altura, e não mais alto, elevar-se-ão em sua fúria", assim também, ó homem! deixa que a Alma atue e dirija tua carne; deixa que aquela reprima tua selvageria.

Tua Alma é o monarca do teu corpo; não deixes que seu súdito se rebele contra ela.

Teu corpo é como a taça da terra, teus ossos os pilares que a sustentam sobre suas bases.

Assim como o oceano dá origem às fontes, cujas águas regressam ao seu veio através dos rios, assim flui a força da tua vida, do coração para fora, e assim regressa outra vez ao seu lugar.

Não conservam ambos seu curso para sempre? O mesmo Deus lhes deu ordens.

Não é teu nariz o condutor dos perfumes?

Tua boca o caminho para o paladar? Ainda assim, deves saber que os perfumes que exalam em excesso prejudicam, que as iguarias finas destroem o apetite a que agradam.

Não são teus olhos sentinelas que vigiam por ti? E, no entanto, quase nunca são capazes de distinguir a verdade do erro?

Deixa que tua Alma domine sempre, ensina teu espírito a ser atento a seu trabalho; desse modo, esses ministros serão sempre para ti transmissores de vida.

Não é tua mão um milagre? Existe na criação algo semelhante a ela? Para que te foi dada, senão para que a estendas em ajuda a teu irmão?

Por que, entre todas as coisas vivas, somente tu podes ruborizar-te? O mundo lerá tua vergonha em teu rosto; portanto, não faças nada de vergonhoso.

Por que o terror e a desilusão roubam a teu rosto suas cores? Evita a culpa e saberás que o temor está abaixo de ti; que o desalento não é varonil.

Por que somente a ti falam as sombras nas visões da tua mente? Reverencia-as, porque deves saber que elas procedem da altura.

Somente tu, homem, podes falar. Maravilha-te de tão gloriosa prerrogativa, e rende Àquele que a deu, um louvor racional e cordial, mostrando a sabedoria a teus filhos, instruindo na piedade o fruto das tuas entranhas.

Excerto do livro A vós confio, publicado pela GLP pp. 69-70

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Caridade

Feliz do homem que semeou em seu peito a semente da benevolência; seu fruto será a caridade e o amor.

Da fonte de seu coração brotarão os rios da bondade; e as correntes crescerão e transbordarão para benefício da humanidade.

Esse homem ajuda o pobre em suas dificuldades; regozija-se em fomentar a prosperidade de todos.

Não censura seu vizinho, não crê nas histórias da inveja e da malevolência, nem repete suas calúnias.

Ele perdoa as injúrias dos homens, apaga-as de sua lembrança; a vingança e a malícia não encontram lugar em seu coração.

Pelo mal que recebe, ele não devolve outro mal; não odeia seus inimigos, mas perdoa a sua injustiça com amistosa advertência.

As dores e angústias dos homens incitam sua compaixão; ele esforça-se por aliviar o peso de suas desgraças, e o prazer do triunfo recompensa seus trabalhos.

Ele aplaca o furioso, resolve as querelas dos que estão em cólera e impede os estragos da luta e da animosidade.

Fomenta em sua vizinhança a paz e a boa vontade, e seu nome é repetido por todos com louvores e bênçãos.

Excerto retidado do livro A vós confio, pp 59-60 publicado pela GLP.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Criação do Mundo para os Antigos Egípcios

A religiosidade no antigo Egito baseava-se na crença em vários deuses e, por isso, era politeísta. Os diversos deuses podiam ser representados com formas humanas e de animais, pois estes possuíam certas qualidades que os tornavam divinos para os egípcios. Os antigos egípcios possuíam uma visão de mundo em que não existia a separação dos ramos da atividade intelectual. Portanto, a religião, a filosofia e outros conhecimentos permaneciam unidos em um único sistema explicativo.

A religião estava presente em todos os aspectos da vida desta antiga terra. Permeava a vida social, política e econômica, pois os egípcios de outrora consideravam que todos os eventos ocorridos durante a vida dependiam da vontade dos deuses. Compreendiam o mundo como uma unidade, não existindo separação entre o mundo humano, natural e divino. Era como se o universo estivesse inter-relacionado em um todo.

Inicialmente, cada região do Egito possuía deuses locais, com cultos próprios. Contudo, após a unificação política do país, ocorrida por volta de 3100 a.C., os inúmeros deuses locais foram reduzidos a um conjunto de grandes deuses nacionais, formando o panteão egípcio. Ainda assim, as divindades regionais e seus ritos continuaram a existir, integradas ao número de deuses do panteão egípcio.

Tendo em vista esta grande diversidade, os egípcios possuíam várias teorias divinas, as quais explicavam a origem do mundo em que viviam. Essas teorias possuíam três vertentes cosmogônicas principais: os mitos de Heliópolis, Hermópolis e Mênfis. Embora existissem os três modos de explicar a criação do mundo, o mito da cidade de Heliópolis foi o mais divulgado; neste o deus Solar (Rá) tinha sido a divindade criadora. O mito heliopolitano que chegou a nós é o seguinte:

No princípio era o caos (Nun), representado pelas águas turbulentas do Rio Nilo, dentro do qual se ocultava Atum, escondido num botão de lótus. Este se manifestou sobre o caos, na forma do deus Rá, criando dois filhos divinos: o deus do ar (Shu) e a deusa da umidade (Tefnut). Estes, por sua vez, foram os responsáveis por gerar a terra (Geb) e o céu (Nut).

1. Deus Rá. Divindade criadora do mundo segundo o mito de Heliópolis. Era geralmente representado na forma antropozoomórfica, com o corpo humano, cabeça de um falcão coroada com um disco solar.

Segundo esse mito, os irmãos Geb e Nut eram apaixonados, porém foram proibidos de se unirem, pois, caso isso ocorresse, Rá não teria como atravessar o céu com sua barca diariamente. Segundo a crença antiga, Rá passaria 12 horas no céu e 12 no submundo, lutando com uma serpente maligna chamada Apópis. Se por ventura Rá não fizesse esse ciclo diário, os egípcios acreditavam que o mundo acabaria, e o caos voltaria a reinar. Por esse fato, a união entre Geb e Nut foi proibida. Porém, a deusa Nut pediu a Toth – deus da sabedoria e do conhecimento – para que pudesse se unir a seu amado. Toth atendeu seus anseios e criou mais cinco dias no calendário, e os irmãos assim puderam consumar sua união. Da união destas divindades surgiu Osíris, Ísis, Néftis e Seth; deuses representativos da humanidade e importantes para a religiosidade nacional. O deus Shu descobriu a união de Geb e Nut e acabou com a união dos dois, interpondo-se no meio deles. Ou seja, o ar era o responsável pela sustentação do céu, para que este não caísse na terra.

 

2. Papiro que apresenta a deusa Nut como o céu, Geb relacionado ao relevo terrestre, e entre os dois Shu, o deus que representa o ar

O mundo teria sido formado desta maneira e o povo egípcio vivia em meio a essas crenças da formação do mundo: viviam no corpo de Geb, deus terra, respiravam o corpo de Shu, deus ar, e contemplavam o céu imaginando se tratar do corpo da deusa Nut.

3. Deus Toth. Divindade da sabedoria e escrita. Segundo o mito ajudou Nut e Geb a consumarem o seu amor.

 

4. Deus Osíris. Um dos filhos de Geb e Nut que representavam a humanidade.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ENVENENAMENTO MENTAL

Estávamos numa trilha e caminhávamos dentro de um córrego em direção a uma cachoeira. Uma amiga gritou assustada e outra amiga que estava próxima a ela, gritou mais assustada ainda. Voltamos para saber o ocorrido:

- A primeira gritou por que seu lenço caiu no riacho.
- E a segunda, por que gritou?
- Porque a amiga gritou e ela imaginou que fosse uma cobra ou algo perigoso.

Uma reflexão sobre o envenenamento mental nos leva a pensar em como ele pode nos levar a influenciar uns aos outros.
A vida é assim: ou eu influencio você, ou você me influencia, ou eu e você somos influenciados por alguma ideia ou sentimento. Concorda?

 

O envenenamento mental é um sofrimento, uma tortura, uma "ruminação” de ideias negativas. É estar pensando sobre uma ameaça recebida, uma maldição (praga), uma sugestão mental negativa. Estar envenenando é estar encabulado, sugestionado.
Uma observação critica sobre uma pessoa pode provocar envenenamento. Quem fala nem sempre percebe o que causou, mas quem escuta pode sofrer por horas, dias ou anos, se não tiver alguma defesa psicológica.

- "Como você está gorda, fulana!”
- "Como você está pálido! Você esta doente?"

Essas observações podem ferir ou envenenar. Uma ameaça cria uma expectativa doentia.
Uma “praga” causa um medo antecipatório.

E o medo de magia negra? E o medo de "olho gordo", "quebrante"? E as notícias ruins? E os filmes de terror?E o medo de doenças?

O estudante de medicina passa por um stress quando começa a estudar as doenças, mas o povo também, quando a televisão enfoca uma situação doentia. Por exemplo, muita gente está com medo do mal de A1zheimer, em decorrência da televisão.

Envenenar é criar medo na cabeça das pessoas. Foi a terrível e primitiva "arma" que as criaturas humanas usavam para desfrutarem de poder. Até hoje, conscientes ou não, provocamos medo nos outros e, principalmente, nos nossos filhos.

Você sabia que Platão já condenava a lenda do "bicho papão"? Todavia, não são só os outros que nos envenenam, nós precisamos tomar muita atenção para não "envenenar" as pessoas e não nos auto-envenenarmos. Bem, em nossa reflexão, falta um item e você deve perguntar: como se defender?

Resposta: primeiro - usando mais o lado racional, e segundo - usando muito mais o seu lado intuitivo. O racional leva a questionar, argumentar e analisar, enquanto o intuitivo oferece uma nova possibilidade e uma definição interna, porque o inconsciente sabe mais do que o consciente.

Feliz Reflexão!

Adilson Rodrigues, FRC

Frater Adilson é Médico, Psicanalista, estudante da Psicologia Analítica Junguiana e Diretor de Planejamento e Patrimônio da GLP.